A cidade-palco deve ser substituída pela cidade-atriz: uma sugestão ao novo prefeito de Campinas

A cidade-palco deve ser substituída pela cidade-atriz: uma sugestão ao novo prefeito de Campinas

por José Luiz Guazzelli

Campinas é um território privilegiado, nele estão instaladas três universidades, uma dezena de centros tecnológicos reconhecidos internacionalmente, um enorme contingente de empresas de base tecnológica e cinco parques, com diferentes características, científicas ou tecnológicas, que agrupam um importante contingente de empresas. Entre estes está o Techno Park Campinas, o primeiro parque tecnológico privado do Brasil com 61 empresas onde trabalham 5.100 pessoas. 

Mas não basta contarmos apenas com um ecossistema exemplar instalado no território, se não soubermos potencializar os resultados gerados por esses empreendimentos, como impulsionadores de um círculo virtuoso de desenvolvimento econômico e social da cidade. 

Caberá ao novo prefeito de Campinas, no período 2021-2024, alinhar a sua agenda com a Fundação Fórum Campinas inovadora (FFCi), conhecer as demandas e o potencial deste ecossistema, objetivando transformar o Plano Estratégico Municipal em um Plano de Ação, para a consolidação da vocação de Campinas, não apenas como Polo de Alta Tecnologia, mas também em um ambiente de negócios, conceito descrito no livro “A morte da competição”, de James Moore.

Neste contexto, os parques tecnológicos desempenham um papel estratégico por oferecer às empresas infraestrutura e serviços de facility management de alta qualidade, além de um ambiente que estimula a cultura de inovação, através da  interação com a academia, o que resulta na transformação do conhecimento em produtos de interesse da sociedade, estratégia que permitiu Campinas transformar-se em um dos mais avançados Polos Tecnológicos do Brasil.

Como reconhece o urbanista Fábio Duarte, entre os fatores críticos de sucesso de um Polo Tecnológico, repousam os atributos do território e de seus gestores, responsáveis pelas estratégias de desenvolvimento do território e dos instrumentos decisórios da gestão pública.

É o que também nos mostra a recente Tese do geógrafo Lucas Baldoni, que integra a equipe da Agência de Inovação Inova Unicamp e é membro do comitê de CT&I do TECHNO PARK CAMPINAS, “no âmbito da oferta de atividades que envolvem ciência, tecnologia, empreendedorismo e inovação na cidade, deve haver um alinhamento mais objetivo entre o uso do espaço urbano, as políticas de zoneamento urbano e os resultados econômicos pretendidos”.

O município já possui os recursos territoriais para a inovação; a nossa sugestão ao novo prefeito é centrar suas ações no campo do desenvolvimento econômico, ampliando a competitividade de Campinas para a atração de investimentos catalisando o processo de requalificando de Campinas como CIDADE GLOBAL COMPETITIVA.

Para tanto, é oportuna a substituição da CIDADE-PALCO pela CIDADE-ATRIZ, com o envolvimento dos gestores municipais nos processos de negociação com os demais setores da sociedade, reduzindo-se custos públicos, integrando-os pró-ativamente na gestão territorial-urbana, alinhando todos os seus trunfos presentes no ecossistema e fazer convergir a visão estadual às demandas, no sentido de catalisar o desenvolvimento tecnológico e econômico de Campinas.

José Luiz Guazzelli: Formado em engenharia civil pela UNICAMP (1974), com especialização em infraestrutura urbana pela École Nationale des Ponts et Chaussées (École des Ponts ParisTech) França . Já esteve à frente de grandes desafios em sua carreira, na direção de importantes obras de rodoviárias de infraestrutura urbana em Campinas e Região públicas e privadas;  (1985 /1988 – 1993 / 1995)  Secretário Municipal de Campinas responsável por Obras, Habitação e Presidente da SANASA (1996); ( 1997-2002)  Superintendente de Ações Sociais e Patrimonial da FEAC – Federação de Entidades Assistências de Campinas; atualmente é Diretor Técnico da empresa LAPLACE ENGENHARIA e Diretor do Parque Tecnológico TECHNO PARK CAMPINAS 1998 – 2020, o primeiro parque privado do Brasil que hoje reúne 61 empresas de bases tecnológica de 4.500 colaboradores, tendo participado de sua concepção, implantação e gestão.