30 de outubro de 2019 Startups de Hardware têm expansão no Brasil e avançam para 21 estados
A Sociedade Brasileira de Microeletrônica (SBMICRO) apresentou, nesta última quarta-feira (30/10), durante o evento InovaCampinas Trade Show 2019, um estudo que revela a expansão das startups de hardware de 11 para 21 estados brasileiros nos últimos 10 anos. Startups de Hardware são aquelas que usam dispositivos eletroeletrônicos customizados. Entre os exemplos mais conhecidos estão as empresas dos patinetes elétricos, maquininhas de cartão, e de wearables, como dispositivos inteligentes e conectados aos celulares.
São Paulo é o estado com a maior concentração deste tipo de empresa, 36% do total das 515 startups identificadas. A cidade de São Paulo fica em primeiro lugar com 80 empresas, enquanto Campinas fica em segundo, com 41 das startups deste segmento. Na terceira posição está Florianópolis, com 30 das startups de hardware do país.
Os resultados apontam que há uma expansão das startups deste setor, facilitada pelo uso de novas soluções, como módulos que viabilizam a prototipação rápida de equipamentos. “Esta é uma amostragem, sabemos que há mais startups de hardware distribuídas pelo país”, avalia Rosana Jamal, fundadora da Baita Aceleradora, e uma das pesquisadoras envolvidas no estudo encomendado à Baita e à Agência de Inovação Inova Unicamp.
Rosana explica que a amostragem foi importante para ter um olhar mais profundo sobre o perfil deste setor e seus principais desafios. “Este é um setor com desafios bastante complexos, uma vez que as startups de hardware tratam de dificuldades intrínsecas à produção de produtos físicos, que exige alto volume e capital de giro para garantir custo adequado”, comenta Rosana.
Segundo ela, principalmente nas fases iniciais da startup, a complexidade do processo produtivo, os impostos e prazos de importação dificultam sobremaneira a capacidade de criação de produtos no Brasil, o que faz que elas parem ou busquem solução na China ou em países com regimes de importação e exportação mais amigáveis, como os Estados Unidos.
Sobre tecnologia, seguindo a tendência mundial, a grande maioria do hardware desenvolvido no Brasil é baseado em tecnologias IoT com foco nos mercados industrial e de agronegócios. Entre a minoria das startups de hardware nacionais, estão as da classe dos wearables, robótica, imaging e fotônica. “Nestas categorias, há a prevalência de grande complexidade tecnológica, que exigem conhecimento científico tecnológico e grande especialização das equipes destas empresas”, afirma Newton Frateschi, diretor-executivo da Inova Unicamp.
Outro ponto preocupante levantado pelos pesquisadores é a observação de que uma parte significativa das startups mapeadas está há mais de quatro anos sem crescer. “Precisamos observar isso com mais atenção pois as startups podem estar andando de lado, ou seja, o que as torna menos atrativas para os investidores” explica o pesquisador.
Na mesma linha de atenção está que 72% das startups de hardware mapeadas são B2B (business to business), quando a relação se dá entre empresas. Para os pesquisadores este é um dos pontos a serem observados porque os principais unicórnios – como são conhecidas as startups que têm valor de mercado acima de $1Bilhão – são B2C (Business-to-consumer), com foco direto no consumidor final, ou seja, alto volume Não por acaso, o único unicórnio com hardware no Brasil é a Pag Seguro, famosa pelas suas maquininhas de cartão.
Entre os desafios destacados no estudo para os próximos anos, estão a logística, acesso a capital e a criação de ambientes de inovação, que promovam a conexão entre empreendedores deste setor para troca de experiências, suporte tecnológico e de serviços. “Houve a expansão de espaços conhecidos como maker spaces, mas ainda faltam mecanismos corretos para a formação da cadeia de hardware no Brasil”, avalia o presidente da SBMICRO, Nilton Morimoto.
De acordo ele, existe a necessidade premente de criar políticas públicas para que estas empresas liderem a indústria eletroeletrônica no Brasil com foco no fortalecimento da indústria nacional.
“A indústria eletrônica essencialmente deixou o Brasil, apenas módulos ou sistemas ficaram na zona franca de Manaus. Com o incentivo correto, principalmente nas fases iniciais da sua jornada, as startups de hardware podem auxiliar a reconstituir a demanda para toda a cadeia produtiva, fomentando o ressurgimento de um ecossistema competitivo nesta área, com mais internacionalização de soluções e parcerias e, também, com maior demanda de parceria com a academia, pondera Frateschi.
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