Programa em parceria com o Grupo RAC vai aproximar startups e empresas para superar desafios

Programa em parceria com o Grupo RAC vai aproximar startups e empresas para superar desafios

Organizadores vão percorrer 15 cidades em busca de ideias

Guilherme Busch

Preste atenção a este dado: em 1970, a expectativa de vida de uma empresa era de 70 anos. Em 2017, essa mesma expectativa deve cair para algo em torno de 5 anos. Isso mesmo, apenas 5 anos. Por que isso acontece? As coisas estão evoluindo e mudando com uma velocidade impressionante, muito por conta das startups, que passaram a produzir soluções inteligentes, mais rápidas e menos burocráticas
que as grandes empresas, que estão sendo engolidas e precisam pensar, com urgência, em como reagir e sobreviver.

Só para citar dois exemplos, empreendedores já conseguem imprimir comida e estão desenvolvendo órgãos humanos, como coração, que num futuro próximo poderão sem implantados em humanos como forma
de sanar doenças e problemas que hoje prejudicam a qualidade de vida e podem levar à morte. Pensando nisso, um evento que será realizado em Campinas com a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, em outubro, em parceria com o Grupo RAC, vai abrir a caça a boas ideias e empresas abertas a conhecê-las. “O Programa V8 Startup – Conectando Grandes Empresas e Startups vai buscar ideias pelo Brasil, dar um ‘banho’ nelas e fazer com que se tornem viáveis”, afirma Marina Khattar de Godoy, que é cofundadora do projeto junto com Fernando Gracioli Teixeira.

A ideia é reunir três empresas parceiras, que irão apresentar desafios e problemas reais que enfrentam, e que serão “resolvidos” por candidatos. Serão selecionados 15 projetos para cada empresa em uma primeira fase. Num segundo momento, as 10 melhores propostas serão classificadas para uma fase mais específica, na qual passarão dois meses sob mentoria de líderes empresariais, anjos e especialistas em inovação. Ao final de toda essa maratona de conhecimento,um júri escolhe a melhor ideia, que vai ganhar R$ 20 mil para produzir um projeto piloto com mais dois meses de suporte técnico.

Força
“Em um momento em que a economia do País está em dificuldade, com quedas do PIB, desemprego em alta e empresas fechando, o setor de tecnologia cresce entre 20% e 30% por ano sem perceber esses impactos”, diz Eduardo Gurgel do Amaral, diretor do Inova. “Graças às inovações tecnológicas, o mundo está entrando em uma era de geração de riqueza sem precedentes”, disse Alessandra Bomura, CIO (Chief Information Officer) da operadora de telefonia Vivo, no Seminário Lide Tecnologia, na última semana, em São Paulo.

Atração
Para atrair os criadores de startups, a ideia é percorrer 15 cidades do Brasil que se destaquem no cenário de inovação, como Recife, Manaus e Florianópolis, apresentando a proposta do programa, as empresas parceiras e seus desafios. “Nos Estados Unidos, uma falha é tratada como aprendizado, mais uma sabedoria acumulada. No Brasil não, um erro é motivo para desistir de um projeto. Nós
queremos ajudar a mudar isso, a unir as pontas”, diz Marina. A ideia é, além de auxiliar tanto os criadores de startup quanto as empresas, fortalecer o polo de alta tecnologia de Campinas. “Nosso sonho é transformar o Brasil em um País que vai adiante unindo as pontas. Temos que dar as mãos”, declara. “A próxima onda são as startups, elas vão arrastar tudo. São mais rápidas e pouco burocráticas, muito livres.

Conseguem pensar em crescimento sem custos adicionais e são focadas em encontrar e resolver problemas.” José Eduardo Azarite, presidente da Fundação Fórum Campinas Inovadora, cita o caso da indústria automobilística como um possível cenário de mudanças nos próximos anos. O trabalho pesado e “sujo”, como extração e transformação de metais (ferro e aço) acaba ficando a cargo de países como o Brasil. “Enquanto as coisas ligadas a tecnologia e inovação, como o design e a criação de dispositivos inteligentes, são feitas no Primeiro Mundo. A proposta da nossa iniciativa é inverter
essa lógica e trazer para Campinas condições de brigar pela parte mais nobre”, disse.

“Imagine por exemplo aquelas estações de locação de bicicletas que se tornaram tão comuns. Em alguns países, as coisas estão caminhando para que esse modelo passe a oferecer carros. Pessoas passariam a não precisar mais comprar um veículo próprio. Isso mudaria a configuração do cenário atual. A fábrica de carros passaria a correr atrás de uma forma de se manter no mercado, ou criando
serviços de locação rápida ou inventando alguma outra forma para continuar operando. Imagine o tamanho dessa mudança… Tecnologia e inovação estão no centro disso tudo”, afirma.

Matéria originalmente publicada no “CORREIO POPULAR – Campinas, domingo, 4 de setembro de 2016”. Baixe aqui